Por que precisamos da melatonina para dormir?

Todos precisamos de hormonas como a melatonina para dormir. Tal como esta, outras, como o cortisol e a serotonina, além de vários neurotransmissores, influenciam a regulação do sono, que é um processo complexo.

Tendo sido alterado ao longo da evolução humana, com a mudança dos estilos de vida e, mais recentemente, com a introdução da luz artificial e tecnologia digital, importa compreender como funciona o sono, para que possamos tirar o melhor proveito deste comportamento.

A produção de melatonina para dormir e o impacto na saúde

A Dr.ª Isabel Luiz, médica de anti-aging na Clínica MyMoment, diz-nos que a média ideal de sono nos adultos é de 7,5 horas, embora cerca de 25% dos indivíduos durma apenas entre 5 a 6 horas. E a falta ou a má qualidade de sono está intimamente ligada com o equilíbrio hormonal.

Apesar de a melatonina ser a hormona mais relacionada com o sono, muitas outras têm um papel fundamental neste processo. Embora seja produzida em várias células do nosso organismo, é na glândula pineal (epífise), e durante a noite, que a produção de melatonina atinge o seu pico, regularizando o ciclo sono-vigília, em sintonia com o cortisol. Portanto, durante a noite elevam-se os níveis de melatonina e, durante o dia, a luz inibe esta produção, aumentando os níveis de cortisol.

Por variados fatores, a desregulação deste ciclo pode aumentar o risco de desenvolver algumas doenças crónicas e até um sorriso tardio e irregular pode diminuir o nosso tempo de vida.

A nível metabólico, a falta de sono induz alterações nos níveis de insulina (que regula a glicose), a diminuição da leptina e a elevação da grelina (que regulam o apetite), culminando no aumento de peso, além de alterar também as hormonas tiroideias, a prolactina, as hormonas reprodutivas (estradiol e progesterona) e a hormona do crescimento.

Assim, doenças crónicas como a diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e obesidade estão relacionadas com a falta de sono. Além destas doenças, há estudos que sugerem que a falta de melatonina está associada a um risco acrescido de alguns cancros.

A importância do sono, o envelhecimento e o papel do anti-aging

Durante o sono, o organismo está em anabolismo, restaurando sistemas essenciais, como o imunológico, nervoso, esquelético e muscular, promovendo a síntese proteica, o crescimento e a restauração celular. A informação assimilada durante o dia é também consolidada durante o sono. Portanto, paralelamente, a preservação da memória e a função cognitiva também é afetada pela falta de sono.

Quando alterados, todos estes processos vitais ao nosso organismo vão ter repercussões na qualidade de vida, com manifestações no dia a dia, tais como:

• Fadiga;
• Irritabilidade;
• Sonolência;
• Dificuldade de concentração e memória.

Como acontece com muitas outras hormonas, a partir dos 30 anos há uma diminuição da produção de melatonina. E estima-se que, a partir dos 60 anos, o organismo apenas produza 1⁄4 da quantidade de melatonina que produzia quando se é jovem, e que aos 80 anos a produção de melatonina diminua cerca de 70% a 80%.

A higiene do sono e uma regulação hormonal adequada podem melhorar a qualidade de vida e reduzir o desenvolvimento de doenças crónicas. E é aqui que a medicina anti-aging pode ajudar.

A suplementação com melatonina para dormir pode ser uma opção eficaz em alguns casos, sendo necessária uma avaliação clínica e laboratorial para determinar a dose adequada e definir um plano individual. O uso indiscriminado de melatonina para dormir pode ter efeitos colaterais e nefastos, não sendo a solução mais apropriada.

Naturalmente, é necessário que a avaliação seja realizada por um profissional de saúde para o uso seguro desta hormona, utilizando a dose correta para cada indivíduo, de forma que se consiga uma melhoria da qualidade do sono.

O sono é, sem dúvida, das várias estratégias de saúde, a mais importante para preservarmos a nossa qualidade de vida.

Se dorme mal, é importante que tenha consciência das consequências que a falta e a qualidade de sono têm no seu organismo. E, se não souber como resolver o problema, pode sempre procurar a nossa ajuda para dormir o suficiente e com qualidade. Para isso, basta marcar uma consulta médica de avaliação.